A Dengue é um dos principais problemas de saúde pública do mundo, especialmente em países tropicais como o Brasil. E as estratégias usadas no controle do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, resumem-se em atividades preventivas, como a eliminação de criadouros, adoção de medidas comunitárias de conscientização e, principalmente, aplicação estratégica ou emergencial de inseticidas químicos. Pensando em mais uma possibilidade de combate a essa doença, a Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Moscamed, está desenvolvendo um método de controle biológico do mosquito Aedes aegypti. O Projeto Aedes Transgênico (PAT) visa controlar a transmissão da doença produzindo linhagens de mosquitos geneticamente modificados (OGM), que serão capazes de suprimir populações naturais do transmissor da doença.
A Pesquisa Consiste na utilização de mosquitos machos de uma linhagem transgênica para combater o mosquito transmissor do vírus dengue. Cientistas ingleses introduziram um gene (unidades de características hereditárias) no mosquito Aedes aegypti, que é responsável pela produção de uma proteína. Em altas doses, essa proteína impossibilita o desenvolvimento da prole (filhos) desses mosquitos, ou seja, eles não serão capazes de chegar à fase adulta, e, por isso, não conseguirão transmitir a doença. Mosquitos RIDL OX513A - São OGM que carregam um gene responsável pela morte do mosquito Aedes aegypti durante seu desenvolvimento. Ou seja, o macho modificado passa essa informação para sua prole (filhos), e estes não são capazes de atingir a fase adulta por causa do acúmulo de uma proteína que em altas doses é toxica para esses mosquitos.
A linhagem transgênica foi criada a partir da injeção de um novo gene em ovos de mosquito. Esses mosquitos transgênicos são capazes de transmitir o gene para sua prole (filhos), e essa informação é capaz de matá-los. Os testes conduzidos em laboratório permitem compreender se o mosquito modificado continua com as mesmas características, quantidade de ovos, taxa de fertilidade, e hábitos alimentares, que a população original. Em agosto de 2010 foi instalado na Moscamed um laboratório de insetos transgênicos. Reconhecido pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), o laboratório atende às exigências desta comissão para atividades em regime de contenção, liberação planejada no meio ambiente, transporte, avaliação de produto, ensino e produção industrial.
Para a realização do PAT, a Universidade de São Paulo (USP) firmou convênio de cooperação técnica e administrativa com a Moscamed, visando o estudo da biologia, ecologia e controle de Aedes aegypti, mosquito transmissor de dengue para fins de bloqueio e redução da transmissão da patologia. Baseado em características climáticas, geográficas, demográficas e socioculturais, algumas áreas do município de Juazeiro, região norte do estado da Bahia, dentre elas o bairro de Itaberaba, e os distritos de Mandacaru, Maniçoba e Carnaíba, foram selecionadas para o estudo de campo da linhagem transgênica. São regiões com certo grau de isolamento, e, por isso, garantem que variáveis não interfiram na obtenção dos dados.
Os testes em campo serão realizados em três etapas: A primeira delas é estudar detalhadamente a região, fazer uma estimativa da população de mosquitos da área, conhecer os criadouros, e as espécies que vivem ali. A segunda etapa é conhecer as condições naturais. Testes serão realizados para perceber se o mosquito modificado continua com o mesmo papel ecológico que a população original, e conhecer o seu nível de dispersão. Os dados obtidos nesses testes servirão para calcular a quantidade de mosquitos que deverão ser produzidos para a terceira etapa, denominada supressão. A supressão é a etapa final, nesse momento será realizada a liberação de machos transgênicos nas áreas selecionadas, e através de um contínuo monitoramento será possível verificar se houve redução do número de mosquitos.
A presença da Moscamed, única biofábrica de insetos do Brasil, em Juazeiro, garantiu a realização do projeto, pois esta produz em larga escala machos estéreis de moscas-das-frutas, e agora é responsável pela produção massal do mosquito Aedes aegypti. O projeto é uma parceria conjunta entre a Moscamed e a Universidade de São Paulo (USP). E tem o apoio do Ministério da Saúde (MS), da Secretária da Saúde do Estado da Bahia (SESAB), da Prefeitura Municipal de Juazeiro, e da Agência de Defesa Agropecuária do Estado da Bahia (ADAB).
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